As vestimentas litúrgicas individuais e as orações que acompanham sua
vestidura

Da, Domine, virtutem manibus meis ad abstergendam omnem maculam; ut sine
pollutione mentis et corporis valeam tibi servire.
(Dai às minhas mãos, Senhor, o poder de apagar toda mácula: para que eu
vos possa servir sem mácula do corpo e da alma) - (Da’, o
Signore, alle mie mani la virtù che ne cancelli ogni macchia: perché io ti
possa servire senza macchia dell’anima e del corpo) [3].
À lavagem das mãos se segue a vestidura propriamente dita.
2) Inicia-se com o amito, um pano retangular de linho
dotado de duas fitas, que repousa sobre os ombros junto ao pescoço. O
amito destina-se a cobrir, ao redor do pescoço, a vestimenta utilizada
diariamente, ainda que se trate do hábito do sacerdote. Nesse sentido, é
preciso lembrar que o amito também é usado quando se está vestido com roupas de
estilo moderno, que muitas vezes não apresentam uma grande abertura em torno do
pescoço. De qualquer forma, portanto, as roupas comuns permanecem visíveis e
por isso é preciso cobri-las também, nestes casos, com o amito [4].

Impone, Domine, capiti meo galeam salutis, ad expugnandos diabolicos
incursus.
(Colocai, Senhor, na minha cabeça o elmo da salvação para que possa
repelir os golpes de Satanás) - (Imponi, Signore, sul mio capo l’elmo
della salvezza, per sconfiggere gli assalti diabolici).
Com referência à carta de São Paulo aos Efésios 6.17, o amito é
interpretado como "o elmo da salvação”, que deve proteger o portador das
tentações do demônio, em especial de pensamentos e desejos malévolos durante a
celebração litúrgica. Este simbolismo é ainda mais evidente no costume
seguido desde a Idade Média pelos monges beneditinos, franciscanos e
dominicanos, entre os quais o amito era posicionado sobre a cabeça e deixado
recair sobre a casula ou a dalmática.
Dealba me, Domine, et munda cor meum; ut, in sanguine Agni dealbatus,
gaudiis perfruar sempiternis.
(Revesti-me, Senhor, com a túnica de pureza, e limpai o meu coração,
para que, banhado no Sangue do Cordeiro, mereça gozar das alegrias eternas)
- (Purificami, Signore, e monda il mio cuore, perché purificato nel Sangue
dell’Agnello, io goda degli eterni gaudi).
4) Sobre as vestes, na altura da cintura, é colocado o cíngulo, um
cordão de lã ou outro material apropriado, que é usado como cinto.

Para diáconos, sacerdotes e bispos, o cíngulo pode ser de cores
diferentes, de acordo com o tempo litúrgico ou a memória do dia. No simbolismo
das vestes litúrgicas, o cíngulo representa a virtude do auto-controle, que São
Paulo enumera entre os frutos do Espírito (cf. Gálatas 5:22). A oração
correspondente, como na Primeira Carta de Pedro 1,13, diz:
Praecinge me, Domine, cingulo puritatis, et exstingue in lumbis meis
humorem libidinis; ut maneat in me virtus continentiae et castitatis.
(Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus rins o
fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da castidade)
- (Cingimi, Signore, con il cingolo della purezza e prosciuga nel mio
corpo la linfa della dissolutezza, affinché rimanga in me la virtù della
continenza e della castità).
5) O manípulo é um paramento litúrgico usado nas celebrações da Santa
Missa segundo a forma extraordinária do Rito Romano; caiu em desuso nos anos da
reforma litúrgica, embora não tenha sido abolido. É semelhante à estola, mas de
menor comprimento, inferior a um metro, e é fixado por meio de presilhas ou
fitas como as da casula. Durante a Santa Missa em sua forma extraordinária, o
celebrante, o diácono e subdiácono o portam sobre o antebraço esquerdo. É
possível que este paramento derive de um lenço (mappula) utilizado pelos
romanos amarrado ao braço esquerdo. Uma vez que era utilizado para enxugar as
lágrimas e o suor da face, escritores eclesiásticos medievais atribuíram ao
manípulo um simbolismo associado às fadigas do sacerdócio. Esta leitura também
está presente na oração de sua vestidura:
Merear, Domine, portare manipulum fletus et doloris; ut cum exsultatione
recipiam mercedem laboris.

Como se vê, no início da oração mencionam-se as lágrimas e a dor que
acompanham o ministério sacerdotal, mas a segunda parte do texto refere-se aos
frutos do próprio trabalho. Não será fora de propósito recordar a passagem de
um salmo que pode ter inspirado esta segunda simbologia referente ao manípulo,
visto que a Vulgata assim apresentava o Salmo 125,5-6: "
Qui seminant in lacrimis inexultatione metent; euntes ibant et
flebant portantes semina sua, venientes autem venient inexultatione portantes manipulos suos"
(grifo nosso).

Redde mihi, Domine, stolam immortalitatis, quam perdidi in
praevaricatione primi parentis; et, quamvis indignus accedo ad tuum sacrum
mysterium, merear tamen gaudium sempiternum.
(Restitui-me, Senhor, a estola da imortalidade, que perdi na
prevaricação do primeiro pai, e, ainda que não seja digno de me abeirar dos
Vossos sagrados mistérios, fazei que mereça alcançar as alegrias eternas)
- (Restituiscimi, o Signore, la stola dell’immortalità, che persi a causa
del peccato del primo padre; e per quanto accedo indegno al tuo sacro mistero,
che io raggiunga ugualmente la gioia senza fine).
Dado que a estola é um paramento de suma importância, indicando mais do
que qualquer outro a condição de ministro ordenado, não se pode deixar de
lamentar o abuso, já largamente difundido, por parte de alguns sacerdotes, que
não a usam em conjunto com a casula [6].
7) Finalmente, veste-se a casula ou planeta, a vestimenta característica
daqueles que celebram a Santa Missa. Os livros litúrgicos usavam as duas
palavras, em latim casula e planeta, como
sinônimos. Enquanto o nome planeta foi usado em particular em Roma e
acabou por permanecer na Itália, o nome casula deriva da forma típica da
vestimenta, que originalmente circundava todo o corpo do ministro sagrado que a
portava. O uso da palavra “casula” também é encontrado em outros idiomas:
"Casulla”, em espanhol, “Chasuble” em francês e em Inglês,
"Kasel" em alemão. Oração para vestidura da casula remete ao
convite de Colossenses 3:14: “Sobretudo, revesti-vos do amor, que une a
todos na perfeição”. E, de fato, a oração com a qual se veste a
casula cita as palavras do Senhor contidas em Mateus 11,30:
Domine, qui dixisti: Iugum meum suave est, et onus meum leve: fac, ut
istud portare sic valeam, quod consequar tuam gratiam. Amen.
(Senhor, que dissestes: O meu jugo é suave e o meu peso é leve, fazei
que o suporte de maneira a alcançar a Vossa graça. Amém) - (O Signore, che
hai detto: Il mio gioco è soave e il mio carico è leggero: fa’ che io possa
portare questo [indumento sacerdotale] in modo da conseguire la tua grazia.
Amen).
Notas [originais em italiano]
[1] Cf. ad esempio san Girolamo, Adversus Pelagianos, I,
30.
[2] Edito dalla LEV, Città del Vaticano 2009, pp. 385-386.
[3] Riprendiamo il testo delle preghiere dall’edizione del Missale
Romanum emanato nel 1962 dal beato Giovanni XXIII, Roman Catholics
Books, Harrison (NY) 1996, p. lx. La traduzione in italiano delle preghiere è
nostra.
[4] La Institutio Generalis Missalis Romani (2008) al
n. 336 permette di non assumere l’amitto quando il camice è confezionato in
maniera tale da coprire completamente il collo, nascondendo la vista dell’abito
comune. Di fatto, però, avviene di rado che l’abito non sia visibile, anche
solo parzialmente; di qui la raccomandazione ad utilizzare comunque l’amitto.
[5] Lo stesso n. 336 della Institutio del 2008 prevede
la possibilità di omettere il cingolo, se il camice è confezionato in maniera
tale da aderire al corpo senza di esso. Nonostante questa concessione, bisogna
riconoscere: a) il valore tradizionale e simbolico dell’uso del cingolo; b) il
fatto che difficilmente il camice – sia in foggia più tradizionale, che
soprattutto nei tagli più moderni – aderisce da sé al corpo. Se la norma
prevede la possibilità, essa dovrebbe però restare piuttosto ipotetica in via
di fatto: in concreto, il cingolo risulta sempre necessario. A volte si trovano
oggi dei camici che hanno il cingolo incorporato: una fettuccia di stoffa unita
al camice per mezzo di una cucitura all’altezza della vita e che si annoda al
momento della vestizione: in questi casi la preghiera sul cingolo può essere
recitata mentre si annoda. Resta però di gran lunga preferibile la forma
tradizionale.
[6] «Il Sacerdote che porta la casula secondo le rubriche non tralasci
di indossare la stola. Tutti gli Ordinari provvedano che ogni uso contrario sia
eliminato»: Congregazione
per il Culto Divino e la Disciplina dei Sacramenti, Redemptionis
Sacramentum, 25 marzo 2004, n. 123.
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