quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Explicações sobre alguns objetos episcopais


                                                                      Mitra
Uma das insígnias que com muita nobreza ornamentam a figura de um Príncipe da Igreja nas celebrações litúrgicas é a Mitra (do grego μίτρα: cinta, faixa para a cabeça, diadema).
Esta possui também outras denominações, tais como Apex (barrete), sertum (grinalda), corona gloriae, gálea(capacete), tiaracidaris, e insula. As duas cintas que caem de cada lado de sua base chamam-se vittae.
No Antigo Testamento era prefigurada por um pequeno e tênue tecido, composto e preparado com fios, usado pelos Pontífices hebreus no Templo.
A Mitra, tal qual a conhecemos atualmente, deve sua origem aos Bispos gregos, que foram os primeiros a usarem-na, colocando nela pedras preciosas sobre a tela, imitando os Reis e Imperadores, passando posteriormente essa tradição para o Ocidente.
O primeiro Sumo Pontífice que usou Mitra foi São Silvestre, posta na cabeça com um diadema.
Este paramento, em seu conjunto, simboliza um capacete de defesa que deve tornar o prelado terrível aos adversários da verdade. Lembra a descida do Espírito Santo sobre as cabeças dos Apóstolos, de quem os Bispos são legítimos sucessores. Por isso, no Rito Romano, apenas aos Bispos, salvo por especial delegação, cabe presidir ao Sacramento do Crisma ou Confirmação.
O fato de a Mitra possuir duas pontas tem um significado todo especial. Moisés, depois de receber as tábuas da Lei no Monte Sinai, desceu com aqueles dois resplendores celestiais que Deus pôs em seu rosto e lhe subiam pela cabeça. Também podem simbolizar os dois Testamentos: o Antigo (parte posterior) e o Novo (parte anterior), que o Bispo deve conhecer perfeitamente para iluminar os fiéis a ele confiados com sua doutrina e resplendor. Elas figuram ainda os dois preceitos, com os quais a Igreja deve governar: o amor de Deus e do próximo.
As duas tiras estreitas que há na Mitra e descem da base posterior (vittae), representam os dois sentidos que há na Escritura: o espiritual e o literal, nos quais o Bispo deve ser mestre, explicando-a com tanta propriedade que se possa tirar dela o espírito que dá vida aos filhos da Igreja. As duas fitas caem sobre os ombros significando que o que prega com a palavra deve executá-lo com as obras, cujo exemplo seus súditos devem seguir.
Existem dois tipos de Mitras: uma ornada com pedras preciosas (símbolo da caridade), chamada phrigiata(frisada); a outra, simplex. A primeira, o Prelado usaria nas grandes solenidades e nos pontificais. A segunda, nos ofícios simples e de defuntos.
Como o leitor pode com facilidade perceber, possui a Mitra, tanto em seu conjunto como em cada uma de suas partes, uma grande quantidade de significados e que se referem especificamente à figura do Bispo. É ela de fato uma coroa que ornamenta a fronte do Prelado, e que simboliza o que há de sagrado em sua augusta vocaçãoEm comunhão com a Cátedra de Pedro, o Bispo é Príncipe da Igreja. E esta, o Corpo Místico de Cristo, que se organiza como uma verdadeira sociedade visível. Ensina a Doutrina Católica que a principal finalidade da Esposa de Cristo é conduzir as almas à eterna salvação. De onde se pode perceber qual deve ser a grandeza da missão episcopal, pois diz respeito à participação no governo dessa sociedade, cujo fim é tão inefavelmente elevado.
Esta é a razão pela qual se pode afirmar ser o episcopado, submetido devidamente à autoridade do Sumo Pontífice, a mais nobre das funções existentes no mundo em que vivemos, pois o que se relaciona ao espiritual está evidentemente acima do temporal. Aliás, é consequência própria de seu caráter episcopal a dignidade que possui o Santo Padre, que por ser o legítimo sucessor do Apóstolo São Pedro, é o Bispo de Roma e, por isto, o Bispo dos Bispo


Solideo


O solidéu é uma pequena calota que os clérigos usam na cabeça. Sendo preto para os padres, para todos os monsenhores é preto com frisos violáceos. Todo violeta para os bispos, vermelho para os cardeais e branco para o papa. Nas figuras abaixo temos as diferentes cores de solidéu. No detalhe os frisos violeta do solidéu dos monsenhores. 

Baculo
Usado pelos prelados da Igreja Católica, simbolizando o seu papel de pastores do rebanho divino. Com a mitra, constitui uma das principais insígnias dos bispos.

Na liturgia da Missa, apenas Prelados com caráter episcopal (Bispos, Arcebispos, Patriarcas e Cardeais) o podem portar. É usado nas procissões, na leitura do Evangelho e na administração dos Sacramentos, desde qu
e não haja necessidade da imposição das mãos. O Papa no lugar do báculo usa a férula papal , que indica sua jurisdição universal. Os usos na liturgia são os mesmos. Seu formato lembra um báculo de um pastor de ovelhas; Sua cabeça curva serve para puxar a ovelha para junto de seu rebanho e sua extremidade pontuda serve para atacar e ferir o lobo. Assim é o báculo de um Bispo: Como sucessor dos apóstolos, sua função é unir seu rebanho de fiéis e defendê-los do maligno.

O uso do báculo pelos Bispos, significa também o pastor que está à frente de sua Diocese.





Barrete
O barrete é um objeto quadrangular provido geralmente de 3 palas e quase sempre de um pompom. Sua cor varia de acordo com o clérigo, podendo ser usado por todos. O barrete tem uma representação de autoridade. Ao pronunciar uma sentença, por exemplo, os juízes na antiguidade utilizavam o barrete. Os doutores (acadêmicos) utilizam o barrete em funções solenes. O padre, durante a confissão, utilizava obrigatoriamente o barrete para simbolizar exatamente que era ele em posição de Juiz que estava absolvendo o penitente. Nas funções litúrgicas, igualmente, para demonstrar a função de autoridade, junto com os outros clérigos. Ainda hoje é profundamente recomendável que o padre faça uso do barrete no exercício de suas funções. Ao lado temos a representação de um barrete tradicional: ao lado destacamos as palas, em número de três; ao lado destaca-se o pompom ao centro e pode-se ver com maior precisão as três palas (o lado sem pala é o da orelha esquerda) . Também vemos o solidéu, este consta de oito partes costuradas entre si com uma pequena proeminência. Barrete e solidéu tem a sua cor definida de acordo com o clérigo.


Cores e Hierarquia



O barrete é preto com borla preta para os padres e diáconos, Para os monsenhores Capelães de Sua Santidade, Prelados de Honra e Protonatários Supranumerários é munido de borla violeta. Para os Protonatários Numerários deve possuir borla vermelha. Os bispos usam barrete violeta. Os cardeais usam barrete todo vermelho e sem borla. O papa, embora esteja em desuso, faz uso do barrete branco. Ao lado temos um barrete de monsenhor, abaixo um cardinalício (detalhe para a ausência de borla) e um episcopal.


Uso durante as celebrações
Como a mitra, é retirado durante várias partes da celebração, : nas preces introdutórias, nas orações presidenciais, nos hinos quando são cantados de pé, durante o evangelho, a oração dos fiéis, o credo e toda a liturgia eucarística, desde depois de receber os dons até retomando-o após a oração após a comunhão. Diferentemente da mitra, não se usa barrete para dar a bênção final ou oração sobre o povo, seja na missa seja fora dela. O barrete pode ser usado com as vestes corais (nas quais é obrigatório), com casula ou pluvial, ou ainda apenas com estola para o sacramento da confissão. Abaixo temos um bispo em vestes corais que faz uso do barrete violeta, um cardeal que usa barrete vermelho com o pluvial e um padre que ouve as leituras da missa usando barrete preto. Quando se usa mitra, não se faz uso do barrete.
Uso fora das celebrações
O uso do barrete também pode dar-se fora das celebrações, podendo acompanhar a batina, mormente quando usa-se mantel. Abaixo observamos Dom Antônio Keller fazendo uso do barrete violeta com mantel e um padre que usa seu barrete preto com a mesma capa.





Barrete Cardinalício
Após a abolição do galero cardinalício, o barrete tomou seu lugar na principal cerimonia do colégio: a criação. Quando o papa escolhe um homem para se tornar cardeal, a cerimonia que marcava o ingresso dele no colégio dos cardeais era o recebimento do galero (chapéu de abas largar e munido de borlas). Atualmente o cardeal recebe o barrete de cor vermelha como se mostra na figura abaixo. Em virtude de tal importância, os cardeais são proibidos de usar barrete com vestes comuns, isto é, seu uso resume-se às vestes sagradas e às vestes corais.




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